sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Quando uma mulher tira o rímel, o batom, a roupa
tira o sapato, senta na cama e chora
e nem mesmo é bonita nessa hora
você tinha de ver
que de repente ela fica tão sozinha
é um bicho assim tão desamparado
tão longe da paixão e do pecado
nem graça tem
se desmanchou o encanto.
ela virou de repente uma coisa tão pequena
que a gente olha e só fica com pena
não adianta fazer nada.

Bruna Lombardi. 
Olho minha aparência bem comportada
E vejo um rosto enfurecido
Uma cabeleira desgrenhada
Numa armação esquisita.
Olho minhas mãos envelhecendo
E vejo uma textura opaca
Veias sobressaltadas
Riscos de memórias.
Nos meus dentes escovados
Restos de minha própria carne.

Denise Magalhães

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Gosto das belas coisas claras e simples
e das complexas,  obscuras
- que pedem investigação -,  densas; intensas;
das grandes ternuras e acolhimentos amorosos
que  se dão depois de muitas conversas,
que facilitam a compreensão
ou dos breves silêncios, que os definem;
gosto de quase tudo que advém do encontro
entre as almas afins ou que sabem discordar
com argumentação e raciocício crítico...
Enfim, gosto do que me faz sentir eu mesmo
 e do que me faz outrar - transformar-me num  outro,
simultaneamente igual e diferente de mim.

Ricardo Koefender