quarta-feira, 10 de julho de 2013

De vez em quando, é verdade, penso em Mona, não como uma pessoa em uma aura definida de tempo e espaço, mas separadamente, destacada, como se ela tivesse crescido numa grande forma semelhante a nuvem que apagasse o passado. Eu não podia deixar-me pensar muito tempo a seu respeito; se o fizesse teria saltado da ponte. É estranho. Reconciliara-me tanto com esta vida sem ela e, ainda assim, pensar nela apenas um minuto era o suficiente para perfurar o osso e a medula de meu contentamento e jogar-me de volta na agonizante sarjeta de meu miserável passado.
(...)
Juntamo-nos numa dança de morte, e tão rapidamente fui sugado para o vórtice que, quando voltei à superfície, não pude reconhecer o mundo. Quando me vi solto, a música havia cessado; o carnaval terminara e eu estava liquidado.

Trópico de Câncer (Henry Miller).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nome:
Cidade: